terça-feira, 18 de setembro de 2012

Observações ao leitor


Observação: Odeio estrangeirismos. Todavia nesta historia foi absolutamente necessário o uso destes, tendo em vista que a cidade em que se passa a historia e mesmo o país não deve ser de modo algum divulgado. A inspiração veio de várias cidades e vários países, sendo assim, tenho em minha narrativa uma cidade multicultural.



Como vocês poderão ver, esse é o primeiro "rascunho" da minha história. Há erros, que serão corrigidos brevemente, o blog anulou o espaçamento do paragrafo e eu resolvi assim deixa-lo. A importância deste fragmento é introduzir e transmitir a ideia do resto de toda a narrativa.

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A ponta dos pés tocava suavemente o parapeito, seus dedos deslizavam, uma lagrima cai ao chão estava certa que seria a ultima. Seus dedos dos pés pressionavam-se contra o cimento, o outro pé avança para o parapeito. Expressa em seu olhar melancolia, o ultimo olhar para aquele ambiente de prospecto vivido, mas em contraste rostos mortos. Sempre uma direção certa, um passo mecânico após o outro, são todos mecânicos.
Vivido por luzes, mas triste pelo concreto, as janelas, pequenas jaulas luminosas. A luz, luz que tanto incomoda, por que tanta luz? Luzes irritam, o concreto entristece. Ela observa as pequenas janelas, algumas piscam outras projetam imagens coloridas provenientes de televisores, analgésicos em forma de som e luz.
O vento toca em seu cabelo e o afasta para trás, cantando em seu ouvido. Ela olha uma ultima vez para o rio. Sua expressão, antes de melancolia, se torna vazio, indecifrável. Olhos claros com um tom peculiar, embranquecido, da cor do reflexo das nuvens do crepúsculo no rio, branco, branco como a paz que logo a libertaria. As nuvens claras envoltas ao céu azul escuro, manchado com o ultimo raio de sol. Branco, a cor do rio, a cor de seus olhos a cor de sua dor. Era a ultima visão que teria, estende a mão como se segurasse aos braços do vento que cantava a doce canção do desfalecimento e de costas, se entrega calmamente.


2 12 de abril. Noite. Johan


2. 12 de abril. Noite. Johan.
- Suicídio certamente.
- É, aparentemente.
- Mais um.
- Mais dois, recebi um chamado há 10 minutos. Um adolescente em uma banheira drogou-se com vários comprimidos de ritalina, ficou inconsciente e consequentemente afogou-se.
-Criativo. – André ri.
Os bueiros exalam um vapor fétido, as arvores secas, o frio incessável, a rua pouco movimentada, os prédios empregam a arquitetura neoclássica. O ar é pesado e melancólico.
André acende um cigarro e oferece a Johan, ele recusa. Os olhos cansados de Johan fitam os estreitos becos do moribundo bairro. Ele tem cabelos grisalhos despenteados, profundas marcas escreveram a idade em seu rosto, olhos verdes acinzentados vazios e uma constante expressão de seriedade depressiva. Tinha um peso médio.
André afasta-se ultrapassando a faixa amarela, pega um bloco de papeis para rabiscar algo sobre o ocorrido com um olhar desinteressado. Anota dados básicos, datas, horários, posição do corpo Está entediado e pouco atento, a pericia cuidará do resto, pensa. Seu distintivo reflete a luz do poste ao olhar das janelas.
Olhos curiosos recobertos de cortinas observam a rua, o corpo envolto de uma lona preta, os fotógrafos, as pequenas placas enumeradas, como se tal situação se apresentasse incomum, novo. Não, era apenas a rotina, a incomum rotina.

3 12 de abril. Madrugada. André


3 12 de abril. Madrugada. André
André avançou o sinal, vermelho em sua moto preta, bancos de couro, estilo chopper. Usava óculos escuros, cabelos encaracolados, agitando-se ao vento. Uma mulher atraente de cabelos ruivos curtos, tatuagem tribal na coxa, uma pesada sombra nos olhos, batom roxo pircing no canto inferior do lábio, e outro no canto superior da orelha, um sorriso malicioso e sutil divide o acento de sua moto.
Adentraram em um pub rocker punk, sujo, cheio, mas incrivelmente agradável para aqueles que já se habituaram. Queens Sanitary era o nome.
-Duas doses de vodka.
-Anarquist Zombies eles são bons.
-É, são. -Disse André com o sabor ardente de vodka russa na sua garganta.
-Como foi o trabalho hoje ? Pergunta nara.
-Mais um. - Resmunga André.
-Entendo.
- Não sentir dor, livrar-se de toda a pressão, destituir-se de toda melancolia, vale a renegação à vida ?
Nara fita as antigas cicatrizes em seu pulso. – Ingênua pergunta a sua. – Sorriu. – Quando viver doí  a renegação a vida é um mecanismo de defesa quase involuntário em relação a dor.
- Logo o suicídio é uma reação simplesmente, natural, não faculta dela a razão? A questiona André.
- É complexo.
- É sua resposta pra o que não consegue responder. – André sorri.
- É minha resposta para o que não quero responder. Retrucou.
- Desculpe.
- Relaxe. – Nara esforçou-se para esboçar um sorriso reconfortante.

4 12 de abril. Madrugada. Johan.


4 12 de abril. Madrugada. Johan.
Uma caneca de chocolate quente mancha papéis com seu fundo molhado. Ó doce sabor da insônia. Johan fixa algumas noticia de jornal e copias de arquivos policiais em seu mural. Faz pesquisas no computador, não tentando realmente solucionar algo, apenas procura fugir do ócio.
A garota que se jogou do prédio a poucas horas atrás, sua mãe havia sido brutalmente assassinada há uma semana atrás. De acordo com evidencias, combinações de horários local e material genético encontrado na cena do crime, as investigações corriam de modo a filha que posteriormente se suicidara seria a principal suspeita.
Johan auxiliara as investigações do homicídio, uma agulha, uma machadinha e uma tesoura. Combinação peculiar. Recordava-se perfeitamente da cena, as vísceras trançadas no ventilador de teto as paredes recobertas de sangue. Um corpo recostado ao canto do quarto uma agulha acoplada a uma seringa na palma de uma das mãos. A barriga dilacerada, uma linha de intestino delgado corria de seu ventre ao ventilador, trançando-se em suas hélices e tocando levemente a cama em sua ponta. Uma poça de sangue marcava o centro da cama de modo a atravessar o tecido e o colchão, a gotejar no chão em baixo da mesma. O maxilar estava quebrado. Cinco dentes encontravam-se ao chão, ao lado do corpo. Em sua perna havia pequenos pontos de perfuração, provenientes de uma agulha. O olho encontrava-se fora do rosto com uma agulha e uma seringa em sua ponta. Moscas voavam em todo o quarto larvas e pequenos ovos de moscas se encontravam na obta vazia do olho e em suas vísceras. Os dedos dos pés estavam mutilados. Policiais experientes se ausentaram, sentiram ânsia de vomito e um caso particular desistiu da profissão, ninguém em vida deveria sentir tal cheiro.
O corpo havia sido encontrado em uma cabana pertencente a vitima. Margareth Simons. Ela e da filha Julie Simons utilizavam tais cabanas em reuniões de empresa. Uma grande firma de seguros de vida Vie Sécurité. Margareth era gerente e Julie coordenadora.
O telefone toca.
- Johan Baumann.
- Olá Johan, consegui novas informações sobre o caso Simons.
-Certo, prossiga.
-Foi encontrado um bilhete bem intrigante no apartamento de Simone. Vou lê-lo a você: Cada gota, quebra-se como sólida em pequenos fragmentos, que vagarosamente penetram em meu peito, de modo a emergir, sinto que eles querem sair, a vida quer ser livre. A vida se afasta, em partículas tão distantes, que se torna transparente. Invisível ao meu olhar cético. A sala branca.
-Realmente, bem intrigante.
-Bem Johan, qualquer novidade ligo central a você, havia também um desenho no bilhete o qual vou mandar agora pra você.
-Obrigado Charlotte.
Johan fita a imagem de uma porta branca com um corvo albino em seu computador, confuso, acende seu cachimbo com um forte e nobre tabaco nativo-americano e põe-se a pensar no significado do texto, e da imagem, a sala branca outra vez... Anéis de fumaça esbranquiçados saem de sua boca ressecada. O ambiente encontra-se mais pesado a cada tragada. Vagarosamente as nuvens se misturam com os papeis e as pequenas letras se desalinham, duplicam, dançando um soneto. Levanta, apaga o fumo e deita em sua cama. Negro.

5 13 de abril. Crepúsculo. André.


5 13 de abril. Crepúsculo. André.
André acorda com uma forte dor de cabeça. São 6h18 está quase atrasado para o trabalho na central. O quarto ao redor gira, ele cambaleia até o banheiro, lava o rosto, veste um uniforme meio sujo e sai em sua moto.
Entra na central bem desajeitado marca seu ponto e caminha em direção a maquina de café. Johan o vê e sorri cordialmente, as roupas exalam um forte cheiro de vodka, ele havia deixado elas próximas as roupas sujas da noite anterior.
- Responsável. - Johan diz com uma expressão debochada e alegre.
André dá de ombros e sorri. Eles andam em direção ao escritório compartilhado. Johan abre uma gaveta e retira uma pasta com um arquivo e liga o computador para acessar seus e-mails.
- Vê? - diz Johan.
- A sala branca outra vez ? - Indaga André.
- Sim. A pesquisa continua ?
- Claro.
- Foram 58 casos em dois meses, que nós conhecemos de suicídio relacionados a sala branca Cartas, bilhetes, pinturas. Olha, colecionei as frases mais peculiares.
“É uma escolha apenas. Apenas uma escolha, abra a porta, você estará cego surdo e anestesiado. A sala branca.”
“No nada, onde nada ocorre, nada se vê, nada se sente, és livre apenas para contemplar o branco”
“Sozinho. Não sobra nada além de min aqui. Qual o prazer¿ Uma masturbação mental ?
“A sala é minha mente, se ela é tudo o que eu vejo, o que sinto, e o que ouço então ela domina meus impulsos nervosos, talvez a fora tenha visões e prazeres, mas nada chega a min, por causa da maldita sala branca que está no meu cérebro, só preciso abri-lo fisicamente e tira-lo de lá, pois o psicologicamente individual não mais existe.”
- Este último suicidou-se com um machado, um golpe único na sua cabeça. E ainda tem muitas outras bem intrigantes. Diz Johan
 - Entendo. Mas até agora, só catalogamos e classificamos. O que seguir ¿ Salas com paredes brancas ¿ Resmunga André.
- Não, informações sobre os beneficiados com as mortes, e posições sociais que ocupavam. Eu tenho severas suspeitas da igreja protestante as claras portas do reino dos céus e a vie, sécurité seguros de vida.
- Por que essas instituições? E porque você não havia me falado antes, sobre essa suspeita¿ - Pergunta André.
- Todos eram envolvidos com a empresa de seguros, tinham um plano lá ou mesmo trabalhavam para a firma. 70% Dos mortos eram envolvidos diretamente com a igreja, os outros 30% tinham parentes próximos, ou alguma outra ligação. Com o detalhe de que o nome da igreja é bem sugestivo. Não te falei porque eu não tinha certeza, estava organizando o pensamento pra te falar. Diz Johan.
- E há alguma relação entre essas duas instituições?
Johan recosta-se na poltrona, olha para as paredes de cor marrom acidentado, uma cor bem neutra. Fita um bonsai de folhas brancas em sua mesa, respira profundamente, levanta seu olhar a André e diz: - Não, não até agora.
- Tem uma droga que faz o usuário ver tudo branco, ficar temporariamente cego. Lembra André.
- Sim, sim. Não havia lembrado dela, snow blind.
- Eu ia te falar, mas não tinha certeza, estava organizando o pensamento. Diz André ironicamente.

6 13 de abril. Noite. André


6 13 de abril.  Noite.
O telefone toca.
- Alô ? André Simpson.
- Ah é o Johan cara.
- E aí, soube de algo novo ?
- Não, apenas quero que fale com Alyne Reims. Explique o processo de investigação, e peça carinhosamente a colaboração dela.
- Abro o jogo totalmente sobre toda a investigação pra uma mulher que é suspeita?! Pergunta André indignado.
- Claro que não. Apenas seja convincente sem levantar nada sobre as instituições, mas ressalte a sala branca. Fale isso pessoalmente. Marque uma entrevista com ela, confio em seu charme. Diz Johan com tom de brincadeira.
- André ri. - Certo, certo, mas ela é confiável?
- Sim, sim ela é. Já fui paciente dela. Mas seja sutil. Ela é Jovem e bonita, finja interesse.
- Nara me mataria. - Ri André.
- Que nada, é tudo em prol da investigação. - Sorri  Johan
- Diz isso pra ela cara.
- Vou dizer, até. - Diz Johan ironicamente.
- Até mais, louco.
 André suspira após o termino da ligação, está cansado, quer dormir, mas não pode. Seus olhos ardem, ele pestaneja, é envolvido pelo sono por 2 minutos, levanta e anda vagarosamente, prestando atenção nos objetos espalhados pelo chão. Recosta-se sobre o frio balcão metálico na cozinha, um arrepio passa por suas costas nuas, toma um energético e lava o rosto. “Alyne Reims, uma das maiores psiquiatras da cidade, tenho que fazer com que ela quebre o sigilo sobre seus pacientes. Quase impossível.” Pensa, está preocupado.
O seu celular vibra em baixo de um prato metálico. O barulho é extremamente irritante.
-Sim ? - Diz André, voz cansada.
-É o Johan, chame a pra o cello & drink.
- O bar chique de musica erudita ? Quem paga?
- Tirei uma verba extra pra investigação. - Ri Johan.
- Ah ok. - Ri André.
- Ela ama musica clássica.
- Ótimo.
- Certo, até.
-Porra! Ele não me deu o número. - Diz sozinho em voz alta encaminhando-se ao computador para procurar.

7 14 de abril. Noite. Alyne.


7 14 de abril. Noite. Alyne.
Não foi tão difícil conseguir um encontro. Quando André mencionou Johan e o Cello & Drink ela logo aceitou, também por entender a gravidade da situação.
 André vestia um blazer negro com uma blusa simples por dentro com a estampa de um terno, calças jeans, tênis colegial, cabelos despenteados. É jovem tem olhos e cabelos bem negros, barba por fazer, olheiras bem acentuadas. Estava esperando Alyne a quase 30 minutos, mas não era desagradável, um quarteto de cordas estava tocando algumas peças bachianas e algumas composições próprias. A arquitetura do local era estilo greco-romana com colunas brancas, teto alto dourado com pinturas gregas. Mesas em uma área próxima ao palco com iluminação e senário sofisticado. Um pub de características simples na lateral do palco contrastava com resto do ambiente.
Alyne chegara, um vestido longo cor bronze polido com um longo decote que passava até pós seus seios, deixando estes um pouco a mostra, e um corte deixando apartente grande parte da sua coxa. Cabelos cor ferrugem clara, ondulados pele bronzeada levemente.
- Olá. – Sorri discretamente.
- Ah, olá, Alyne Reims? Pergunta André desajeitado.
- Sim. Responde simpática.
André levanta-se rapidamente e puxa a cadeira para ela, e diz suavemente: - Fique a vontade.
- Prazer em conhecer. Diz Alyne.
- O prazer é todo meu.
- Parceiro de Johan?
- Sim, sou.
- Ele me falou bem de você, há muito não falava com ele, foi agradável.
- Ele também me falou de você, gosta de musica clássica, também aprecio. Antes de você chegar o solista estava executando o preludio numero um de Bach, belíssimo.
- Aprecio muito Bach, mas meu favorito é Brahms.
- Ah, Brahms é apaixonante. Não só a obra mas a vida  dele. Alyne, você acredita que ele era homossexual ?
- Não, não acredito por causa do suposto romance dele com a mulher do ator.
Entendo, mas ainda tenho minhas duvidas. – André ri.
Alyne ri, Passam alguns segundos em silencio, André aperta os lábios com uma expressão tensa. O garçom os atende, pedem um vinho italiano, pato ao molho de alcaparras e escargots.
- Então, o caso da sala branca, tens algo a me informar ? - André vai direto ao ponto.
- Quais suas razões ?
- Evitar mortes, encontrar culpados e acabar com a minha curiosidade.
- Certo, contate Johan para após este jantar ir ao meu apartamento. Não podemos falar aqui.
André estava perplexo, foi tão fácil, tão simples e direto que chegava a ser suspeito. Liga a Johan avisa-o e ambos concordam. O vinho chega pouco antes da refeição. André analisa minunciosamente os sinais de tensão de Alyne, suas mãos tremulas, expressão de insegurança. Derruba um talher. Estava tão firme e integra ao inicio e sua estrutura simplesmente rachou subitamente, perto de desmoronar, tão tênue. Bebe o vinho compulsivamente, além de sua estrutura está completamente comprometida devido as rachaduras, agora ela a inundava de álcool, qualquer faísca, uma completa combustão.


8 14 de abril. Madrugada. Alyne


8 14 de abril. Madrugada. Alyne.
- Está tudo meio que uma bagunça, desculpa, façam-se confortáveis.
- Sem problemas. Diz André com um sorriso forçado.
- Quanto tempo Alyne. - Diz Johan com uma expressão reconfortante.
- É, muito tempo.
Johan analisava o apartamento, cortinas fechadados em todas as janelas, alarmes nas duas portas de entrada e uma câmera externa. Uma copia de mona lisa em tamanho reduzido, uma estatueta de Ludwig Van Beethoven, dois abajures simetricamente posicionados davam ao ambiente um aspecto clássico. Em contraposição à sofisticação do apartamento, este estava totalmente desorganizado. Fios espalhados ao chão, tapetes enrolados, um copo de wisky jogado, sapatos espalhados CDs jogados em cima de uma mesa. Um forte cheiro de álcool, tabaco e perfume doce feminino de ervas.
- Venham, vamos conversar naquela sala. – Alyne aponta a uma porta no fundo do corredor.
- Certo.
 A sala não tinha janelas, apenas um contorno de uma que havia sido tapado com gesso. Papeis estavam espalhados no recinto, ao chão. Em cima de uma escrivaninha, havia um computador, Um grande copo de café expresso vazio, pastas papeis, canetas e um cinzeiro cheio de cigarros. Nenhuma decoração, apenas o funcional. Johan sentiu-se logo familiarizado.
- Então estão aqui por causa de alguns eis-pacientes meus. Os que deixaram bilhetes logo antes do suicídio, fazendo referencia a uma sala branca. Vocês talvez tenham notado que minhas paredes foram recém-pintadas com cores escuras. Criei um pavor a ambientes brancos. - Alyne acende um cigarro.
- Apenas por causa de seus pacientes ? pergunta André
- Talvez, ando pesquisando sobre a sala branca a um ano, tudo está aqui nesse arquivo no computador, entrevistas, consultas. Todos, simplesmente todos os pacientes que falam sobre a sala branca morreram. Conversei com outros psiquiatras que me confirmaram a mesma situação, mas de alguma forma, eu recebo mais pacientes do tipo que os outros. Já pensei em diversas possibilidades, como um surto coletivo. Mas algo chamou minha atenção todos eles tinham alguma relação com a igreja protestante, as claras portas do reino dos céus. Alguns relatavam encontrar na igreja esperança, um pouco de paz, que a luz de Deus iluminava a sala branca destes. Mas eu indago, de que serve a luz quando não há nada para ver ? Todos se sentiam perseguidos, o quadro é sempre o mesmo. Os casos da sala branca começaram depois que a igreja se instalou. Jonas Veras foi o primeiro, há mais ou menos dois anos atrás, dois meses depois que a igreja se instalou.
- E a vie, sécurité no mesmo período. Lembra Johan.
- Eu não tinha atentado a esse detalhe. Confessa Alyne.
- Cinco meses depois dessas instituições se instalarem, pois elas se instalaram simultaneamente, essa maldita cidade passou a ser a número 1 em suicídios no país. Estamos também investigando a morte da Julie e Margaret Simons.  Explica Johan.
- Entendo.
- Nós queremos saber mais sobre os depoimentos de seus pacientes relacionados a sala branca. - Diz Johan seriamente fitando diretamente os olhos de Alyne.
Há algo peculiar no olhar de Johan, sempre houve. Olhar aos seus olhos é como inclinar-se sobre um alto prédio. Seus olhos são profundos, passam uma sensação de certeza, frieza e segurança. Verde acinzentados eram eles, um verde frio, triste.
- Os depoimentos eram diversos, nem todos os meus pacientes que falavam da sala branca eram membros da igreja, mas a conhecia, e conhecia seus métodos, de alguma forma tinham uma ligação direta ou indireta. Estes mais afastados da igreja tinham altos cargos políticos ou muitas posses. Todavia sobre os depoimentos eles tinham algumas características que sempre se repetem, mas eram diversificados em seus detalhes. As modais eram: Dores de cabeça, depressão, mania de perseguição, tinham frequentemente alucinações, sonhos e desviavam-se da realidade, daí vem a sala branca um local onde eles dizem se sentir totalmente impotentes, é um estado de espirito, a sala não é só uma ilusão, é a realidade do paciente, se faz mais real que o seu presente e passado físico, e o futuro, ele percebe logo, que já não existe. Esse é o resumo do fruto da minha pesquisa. - Diz Alyne olhando aos olhos de Johan e logo os desvia e sua visão recai sobre o chão.
Johan suspira e acrescenta: - A igreja ganha dinheiro com as mortes.
- O que!? - Exclamam Alyne e André, quase  simultaneamente.
- Pesquisei ontem pela manhã, e descobri que os fieis doam os bens a igreja após a morte. Assim como a igreja católica fazia no período pós-colonização da América do sul, convencia os fazendeiros ricos a doarem seu dinheiro após a morte. Descobri isso simplesmente assistindo televisão, o programa deles ontem. O pastor convence de forma indireta a essa ação. Depois apresento o vídeo a vocês. Eles oferecem a cura à depressão, nova perspectiva de vida. Dessa forma é natural ter muitas pessoas depressivas na igreja.
- Então a igreja pode apenas ganhar dinheiro com a morte, mas não ter ação direta sobre ela. Todavia, essa possibilidade é remota e derrubada pelo fato de os casos começarem quando a igreja começou. Diz André.
- É uma possibilidade, mas e a vie, sécurité ?
André suspira desapontado. - Até agora não sabemos de nenhuma ligação, estamos esperando Charlotte e Carlos terminarem a investigação sobre o caso Simons, estamos apenas ajudando eles no caso e esperando resultados, não participamos ativamente. Mas está claro que por causa do bilhete da Julie esse deve ser o ponto de conexão entre as duas instituições.
Johan fita novamente o semblante de Alyne Reims. Tensa, mãos entre as coxas, apertando-as compulsivamente. Morde os lábios. Ela está em duvida se deveria ter confessado isso, se era o correto, a integridade de seus pacientes. E se Johan e André trabalhassem para as corporações ? E se eles estivessem apenas coletando informações para entregar as instituições ?
- Gostaria que você participasse ativamente de nossas investigações, digo, tendo um elo de confiança conosco e vice-versa.  - Convida Johan.
- Devo ressaltar que em uma operação como essa, é necessário extremo sigilo, ninguém é confiável, absolutamente ninguém. – Lembra André.
- Sim, também gostaria, vocês são os primeiros a saber de minha pesquisa.
André sorri confortavelmente. – Ótimo.
André, Johan e Alyne se dirigem a saída. André observa que há muito não é feito uma limpeza no apartamento, vê uma barata perambular em cima de pratos sujos de comida sobre a mesa de centro da sala, muitos cigarros em um pequeno cinzeiro ao canto da mesa, um incenso de ervas aromático, estava a outra extremidade para elimicar os maus odores.
- Ah me lembrei de outro detalhe, você sabe alguma relação da droga snow blind com os casos da sala branca ? Interroga André.
Alyne hesita: - Bem, poucas pessoas em um universo de 550, no máximo 70, que eu saiba, por que?
- Um dos efeitos da droga é deixar o usuário temporariamente cedo, ver apenas o branco. Responde Johan.
- Entendo, vou pesquisar na casa de ajuda a dependentes químicos. Diz Alyne, dirigindo-se a porta.

9 14 de abril. Madrugada. Johan.


9 14 de abril madrugada. Johan.
Johan e Peter descem a Rua morgue. Johan tem semblante de detetive clichê. Sobretudo marrom claro longo, com tiras desamarradas, calça jeans marrom, sapato social, camisa branca social, chapéu marrom claro com uma linha negra em volta de seu topo. Um fino carrete com tabaco cubano natural entre seus dedos e um isqueiro em outra mão, ele o acende.
O som de sirenes e buzinas de carro preenche o ar, ecoando distantes. A neve derretida forma poças de agua lamacentas por toda calçada e asfalto. O cheiro de borracha molhada transporta André e Johan à infância, ambos sentiram esse cheiro toda a vida, este e o de fumaça de escapamento de carros.
- E agora ? Pergunta André
- Não sei. Beber ? Johan sorri.
- Pode ser. Peter ri. - Você observou o detalhe sobre a perseguição que os pacientes diziam sentir. E se fosse um assassino em série que assinasse como sala branca ¿
- Precisamos rever os dados periciais, - Sugere Johan. - Mas de qualquer forma, a grafia dos bilhetes, se diferenciava muito entre si.
- Vamos requisitar o teste da caneta. - Sugere André.
- Certo.
Johan fita a lua, tem o formato de gancho, um grande gancho vermelho com nuvens rubras em sua volta, como se tivesse ferindo-as. A lua ceifa as nuvens e tenta ceifar a maldita cidade. Está próxima sua ponta, pairando através dos prédios. Quase os arranhando, os altos prédios as margens da cidade. Desce o olhar até uma grande poça que reflete a luz da lua, uma gota cai, e logo varias gotas bombardeiam a poça. Chuva. “As nuvens foram feridas, pensa ele.”
O ar da cidade é sempre pesado e frio, a chuva atinge como laminas geladas. André está envolvido com uma jaqueta de motoqueiro sobre o resto de suas roupas, cabelos molhados, a agua escorre por seu rosto passa através de suas roupas, a agua gelada queima.
- Bebidas quentes ? Sugere André.
- Com certeza.
Ambos andam até um pub simples mas confortável. Logo após eles, adentra uma mulher que veste completo negro. Chapéu feminino negro, com penas escuras ao lado, sombra e batom escuros. Um vestido meio curto, meia calça e botas ela fuma um cigarro com um fino e longo filtro. Logo o apaga, senta em uma mesa ao fundo.  A atenção de Johan é completamente voltado a aquela mulher, é bela, em contraste com sua vestimenta preta, sua pele é branca, um branco muito claro, puro, que inspira fragilidade.
A Dama de Negro fala rapidamente com o garçom, o qual traz um drink desconhecido aos olhos de Johan de cor rubra. O garçom trás a Johan uma Dose de wiskey e informa que este foi oferecido pela Dama. Ela erguia sua taça e inclinava a cabeça, de modo a fazer um convite a Johan.
- Vá lá. - sugere André.
Johan nem sequer escuta André e segue em direção a Dama de negro essa esboça um sorriso simples. Ele não sabe bem o que dizer.
-Olá, obrigado pelo wisky.
- O prazer é meu. –Responde a Dama de negro com uma voz suave meio rouca, agradável.
Johan sente os músculos tensos de seu corpo relaxarem ao ouvir aquela voz que preenche os ouvidos como uma calma brisa praiana envolve um corpo nu.
- Aceita uma taça de vinho ? Sugere Johan.
- Oh sim. Quer sentar?
- Claro, obrigado.
Os olhos da dama de negro são profundos e sérios, seguros, tais como os de Johan. Como inclinar-se em um precipício, olhando ao chão, é a sensação de fitar os olhos da Dama de Negro. Ambos entreolhavam-se por longos minutos. Silencio. Um adentrando no precipício do outro, não só se inclinam, mas se deixam cair através do olhar, Johan cai nas profundezas escuras dos negros olhos da Dama, e essa adentra o verde acinzentado de Johan.
Peter observa, sorri e decide deixar o pub, pensa em acender um cigarro, mas lembra já ter fumado mais cedo e nas duas noites anteriores, decide passar uma semana sem fumar. “O problema é se tornar rotina” Pensa.

10 15 de abril. Crepúsculo. Johan


10 15 de abril Crepúsculo. Johan.
Johan acorda 6h. Após uma noite e manhã incríveis. Estava em seu apartamento com a Dama de Negro. Um perfume amadeirado pairava sobre o ambiente. Um fino e fraco foco de luz passa por entre as cortinas tocando a cintura e o ventre da Dama de Negro. Antes Dama de Negro, agora totalmente branca, despida, envolta apenas de uma corrente em espiral. Todo seu semblante inspirava delicadeza, nenhum pelo por todo seu corpo, seios médios de circunferência perfeita, magra, mãos pequenas. Seu cabelo ondulado repousa sobre seu ombro até sua cintura, onde o raio solar reflete um brilho branco. Um rio negro sobre um sol branco em uma manhã fria de inverno neve as margens o orvalho congelado sobre a tênue vegetação. O semblante da Dama de Negro inspirava tal visão.
Johan toca suavemente seu rosto. Frio como a neve as margens. Ela está deitada lateralmente, ao toque de Johan se move lentamente e sorri confortavelmente. Abre os olhos e toca o forte obro dele. Sua mão percorre as costas tensas do investigador, que logo relaxa. Passa as unhas vagarosa e suavemente em seu corpo. - Quer comer? – Pergunta ele com um sorriso convidativo.
- Sim quero, mas quero cozinhar com você. Sorri a Dama de Negro.
 - Sushi ? - sugere Johan.
- Você sabe fazer ?
- Sim sei. Isso e muito mais. – Ri Johan.
- Legal.

11 15 de abril crepúsculo. Alyne


11 15 de abril crepúsculo. Alyne.
Alyne sente o corpo estremecer-se com uma ligação. Tem medo do que possa ser, tem medo de quem possa ser. A cada estralo em seu apartamento, qualquer sopro, qualquer mínimo som seu coração acelera. Passos ao corredor em frente a entrada principal a fazem querer correr, fugir. Anda sempre com uma arma em punho dentro de seu próprio apartamento. Johan a escolheu porque é a única psiquiatra que ele conhece bem e ela é a que mais atende tais casos. Ela ter iniciado uma investigação particular fora uma simples coincidência na visão de Johan. Mas isso não deixava de fazê-la suspeita. A forma a qual ela hesitou a mencionarem snow blind fora muito tensa.
- Alô ?
- Alyne Reims ?!
- Sim ela mesma. Quem fala ?
- Lívia! Eles estão aqui, estão... Eu sei, eu posso senti-los, a respiração deles.
- Se acalme e tome suas pílulas.
- Não! Você está me envenenando! Bruxa! Bruxa!
- Não, o remédio é só um calmante é feito em farmácia e aprovado, não estou te envenenando, só quero seu bem. Lembra de como eu te ajudei das outras vezes ? Vamos, tome-o.
- Doutora, eles vão, eles estão aqui, descem pelas paredes, percorrem o chão, eles estão, estão sim!
- Tome o remédio e acalme-se, beba agua, mas quem está aí ?
- Eles!
- Eles quem ?
- A sala branca!
Alyne desespera-se, liga a Johan que não atende e ao mesmo tempo liga a André. Ele atende.
- André! A sala! Rápido, encontre-me na 22 acacia avenue. O prédio Blau, apartamento 30. Te encontro la o mais rápido possível. Contate reforço policial, mas antes de qualquer coisa, corra!
- Certo!
André coloca um casaco, pega sua arma e corre ligando a central e pedindo reforço policial para a área. Começa a pilotar sua moto, desvia de carros, foge do transito. O congestionamento da 22 acacia avenue é intenço. Ouve um acidente um caminhão colidiu com um ônibus. O fluxo de carros é estático. Resolve subir na calçada. Buzina constantemente, pessoas correm, xingam e gritam com a ação desesperada de André. A calçada é larga. “Vou conseguir” pensa. O barulho da moto abre caminho entre os pedestres, chega em frente aeso prédio, estaciona sua moto com desleixo.
Alyne mora no fim da avenida a cerca de meio quilometro de distancia do prédio. Coloca apenas um casaco sobre a fina camisola que vestia. Desce o prédio pela escada, desesperadamente, corre até a portaria, decide ir até o prédio Blau a pé. Chama atenção de uma multidão, aquela mulher com um semblante claro de agonia correndo, vestindo camisola, alguns riem outros temem. Seria um atentado ? Deveriam correr com ela ?
Alyne avista André, e grita: - Vamos!
- Certo. – Responde André.
Algo explode próximo a eles, um grande impacto que faz tremer o chão. O coração de Alyne para por alguns segundos, prende a respiração, perde completamente a cor. As sirenes policiais já podem ser ouvidas ao longe, André respira ofegante. Eles se entreolhavam. Uma mulher próxima grita. Um choro estridente de criança é ensurdecedor e irritante. Barulhos estridentes impedem ambos de pensar, apenas se viram para o local do impacto.

12 15 de abril. Anoitecer. Johan.


12 15 de abril. Anoitecer. Johan.
Samara era o nome da Dama de Negro, ela cozinha o arroz para o sushi, com saquê e Johan faz o corte do robalo. Echoes do Pink Floyd preenche suavemente todo o ambiente como uma brisa Johan corta milimetricamente o peixe. Samara retira a alga da panela.
- Quem prepara a massa do arroz ? Pergunta Samara.
- Eu preparo. Mulheres não podem fazer por causa da temperatura das mãos. - Johan ri.
- Isso é preconceito. – Ri Samara.
- Isso é ciência.
- É domingo. Johan não tem que trabalhar, não tem compromisso algum. Pretende passar o resto da noite com Samara bebendo um bom vinho e saquê, comendo sushi. Talvez fumando cachimbo. Ainda havia muito que conversar. Samara não havia comentado muito sobre sua vida. Apenas sua preferencia culinária musical e de bebidas. Parecia ser uma mulher fascinante. Johan ao contrario de Samara, havia lhes contado bastante sobre sua vida. Seu trabalho na central, casos antigos, historias da academia. Contou-lhes sobre a época que era jovem, perseguia um batedor de carteiras em um bueiro, o delinquente o jogara dentro da lama do esgoto. O mal cheiro durou por 3 semanas. Falou sobre a vez em que salvou uma criança de 6 anos e prendeu o molestador da rua 3. Lembrou-se de seus antigos amores. Maryanne que o perseguiu por dois anos incansavelmente. Louca Maryanne. Sarah Moraes seu amor de infância. E até mesmo a mais recente, Lara Parkter. Mas nada revelado sobre o caso da Sala Branca.
Johan começa a enrolar o robalo com arroz e alga. Coloca um pouco de gergelim e começa o corte em pequenos rolos.
Samara faz um drink de licor de menta e limão. Quando Johan lembra de olhar seu celular deixa a faca, lava as mãos. Segura firme e carinhosamente a cintura de Samara. Dando-a um leve beijo no pescoço.
- Volto em um minuto. Não meche no sushi pra não estragar.  Ri Johan
- Idiota. Ri Samara.
Johan pega o celular e vê a mensagem de André:
“22 acacia avenue. Prédio Blau andar 30, vem agora, urgente.”
Também vê chamadas perdidas de Alyne e de André. Ele perde a cor. O medo e a ansiedade tomam de conta de seu velho corpo cansado. Veste-se rapidamente. Desculpa-se com Samara. Deixa a comida e a bebida postas sobre a  mesa, Johan anda calmamente na presença de Samara, mas seus sinais te tenção estavam claros. Profundas marcas surgiram na lateral de seus olhos. O silencio percorria de forma torturadora sua face. Pasmo. Há três anos trabalhava com André, só recebera tal chamado desesperado quando este encontrava-se esfaqueado, numa tentativa frustrada de prender o maníaco da rua 3. Tropeça a escada segura ao corrimão. E logo se ergue, coloca Samara dentro de um taxi.
- Desculpa, é uma urgência.
- Sem problemas.
- Quando vou vê-la outra vez?
- Eu irei até você.
- Mas e seu telefone ? ou mesmo onde mora ?
- Irei até você.
Johan para pra pensar. Talvez fosse a ultima vez que  veria Samara talvez ela não havia gostado tanto dele. Talvez sua ação de tira-la de sua casa tenha sido demasiada grosseira. Nada sabia sobre ela. Dia e noite tão intensos, tão curtos. Tão proveitoso. A rua está silenciosa, fria, vazia. O gosto do batom dela ainda encontrava-se nos lábios dele. Seria Samara seu verdadeiro nome ¿ A chuva vem subitamente. Desperta com a agua fria que lava o rosto. Lava as incertezas. Johan para de pensar em Samara e volta a sí. Corre a seu carro. Conhece bem as passagens entre os prédios  Entra no beco mais próximo, bate o retrovisor no canto lateral da parede do beco. Segura o volante com uma mão e liga a André com outra. Buzina para os mendigos se afastarem da passagem Anda a 100 km\h em um local estreito de curvas fechadas. André não Atende. Tenta ligar a Alyne. Uma criança aparece em meio a passagem. Johan solta o celular freia bruscamente. Puxa o volante a direção oposta a criança e o faz colidir a lateral do carro com a parede. Ele sente um forte impacto, mas não pode parar. Consegue desviar da criança. Apesar do impacto o Carro continua em movimento. Johan sente uma forte dor no ombro seu celular caiu no outro extremo do carro. Falta pouco. Ele Chega a 22 acacia avenue. Ouve sirenes, o transito é intenso. Abandona o carro e corre em direção ao prédio avista ambulâncias e viaturas.

13 15 de abril. Noite. Alyne.


13 15 de abril noite. Alyne
A mulher grita desesperadamente apontado a frente. Lívia santos estava deitada de bruços, seu crânio estava partido, sangue espalhado na calçada. Havia uma fratura exposta em sua perna. Costelas quebradas. Havia pulado do 30 andar do prédio Blau.
Alyne grita!
André pensa em perguntar quem é aquela mulher, mas hesita. Alyne estava em colapso. Grita: - Temos que subir, temos que subir.
Calma temos que esperar o reforço policial cercar a área do prédio. Diz André.
- Pra que ?! Ela já morreu !
- Quem é ela ?
- Minha paciente. Ela me ligou falando sobre estar sendo perseguida. Ela apresentou um quadro semelhante aos outros da sala branca.
André cala-se por um minuto, pensa e diz: - Eu acredito na possibilidade de que haja um assassino no prédio. O responsável pelos casos da sala branca.
- Isso é idiotice. E mesmo que houvesse. Quanto mais tempo demora, mais tempo ele tem pra fugir!
 - Não se preocupe, fecharemos as saídas.
André e Alyne correm em direção a portaria. Ele mostra o distintivo e informa que ninguém deve subir ou descer do prédio até a segunda ordem. Sirenes policiais podem ser ouvidas.
- Agora eu vou subir. Fique aqui. Avise eles do ocorrido.
- Certo.
André sobre até a metade dos andares pelo elevador, depois continua a subir através da escada de incêndio. Para evitar que prevejam seus movimentos através do sinal do elevador. A escada estava em penumbra, apenas indicadores de saída vermelhos iluminavam a passagem. André tem sua pistola em punho. Dá passos pausados  observando os sons apenas os passos dele ecoam no chão cimentado. Sua respiração é pausada. Subitamente André ouve um passo além do seu seguido de outro. Vindos logo acima provavelmente do próximo andar, André da um passo a frente que provoca outro eco. A pessoa acima começa a correr.
- Pare ! – André grita e corre escada acima. Os passos são leves talvez de uma mulher. Ele pula 3 degraus a cada passo, já pode ver a sombra de uma pessoa pequena.
- Policia. Pare!
André vira o próximo lance de escadas quando avista uma pessoa pequena franzina. Uma criança assustada. Guarda a pistola e diz suavemente:
- Calma estou aqui para ajudar.
A criança para há um longo silencio. Ela chora a luz do sinalizador está logo a atrás da criança. Seu rosto negro, limpo, sombra, é possível ver apenas  contorno de suas bochechas vestia um vestido e macacão bem infantis, tinha cerca de uns 6 anos. Os soluços da garota ecoam por toda a escada. André se aproxima lentamente da menina, calcula cada passo para não assusta-la. Ele passa por ela e diz.
- Desça criança. Peça ajuda lá em baixo.
Peter continua a subir agora mais apressadamente. Não tem mais tempo, se ele demorar provavelmente a tropa de choque vai subir e causar desordem. Derrubam portas, destroem evidencias. É uma bagunça pensa. Seu celular toca. Alyne ligando.
- Diga.
- André Simpson, Aqui é Petrovisky comandante da 3 divisão. Você não vai subir.
- Eu já estou no apartamento.
- Não, não está. Eu estou te vendo na câmera de segurança e você não tem autorização para subir.
- Eu que fiz o chamado a vocês. E agora querem atrapalhar meu trabalho ?
- Isso não lhes dá credito. Nós iriamos de qualquer forma.
- Maldição!
- Desça para não acabar como a sua amiga psiquiatra.
- Alyne ?! O que aconteceu ?
- Ela foi Detida. Lhes explico depois. Desça agora.
- Alyne detida?!
- Sim, desça É uma ordem - Diz Petrovisky.
Maldição! Grita André sozinho se encaminhando para baixo.

14 15 de abril. Noite. Johan



14 15 de abril. Noite. Johan.
Alyne está algemada próxima a uma viatura. Seu semblante é de desgaste, há sangue escorrendo no canto de sua boca. Ela fita o chão com um olhar vazio lembra-se de seus pacientes, das mortes. Sua cabeça dói. Suas mãos estão tremulas. Ela sabe que vai ter que desistir de sua profissão. Mas não de sua pesquisa.
Johan avista Alyne Reims, mostra sua identificação aos oficiais e corre a caminho dela. Ela ergue vagarosamente o olhar a Johan.
- O que aconteceu ? recebi chamadas suas.
- Lívia Santos. Mais uma de minhas pacientes morreu. A última.
- A última?
- Sim. Não vou mais exercer minha profissão.
- Por que ?! Johan exclama surpreso.
- Não quero mais mortes em minhas mãos, não sirvo pra isso. Deixarei isto.
- Tente reconsiderar
Alyne olha para baixo apática. Os lábios trêmulos. Aperta os dedos de uma mão contra os da outra. – Não. Sussurra quase sem voz.
- Por que está algemada ?
- Mordi a mão de um policial.
- Porque ?! Exclama Johan.
Alyne ergue o olhar com uma expressão raivosa.   - Ele chegou gritando perguntas, disse a ele que André havia subido. Ele xingou André. Pediu para os outros policiais com roupa de tropa de choque esperarem. Perguntou se eu tinha o contato do André. Eu disse que sim e então ordenou grosseiramente que eu entregasse meu celular. Eu não dei. Ele meteu a mão no bolso da minha camisola e pra pegar meu celular. Eu mordi a mão do imbecil e ele me deu um murro, pelo menos eu arranquei um pedaço da pata do cão.
Johan faz um sinal de desaprovação. – Sabe o nome dele ?
- Tinha Petrovisky na sua identificação.
- Ah sim, estava certa em chama-lo de cão. O demônio só sabe latir. Odeio aquele comandante. Deveria ter arrancado o braço.
- Por que o odeia ?
- Por causa de ações do tipo. São clássicos dele. Já foi suspeito de corrupção e agrediu suspeitos brutalmente. É um imbecil.
- André anda até Johan e Alyne furioso. – O Petrovisky é boçal. Por que você ta algemada ¿
O policial boçal, tive um problema com ele, nada relevante agora. Mas tenho que informar algo mais importante a vocês. Se eu morrer tudo é parte de minha pesquisa pertence a vocês. Eles vão tentar ao máximo possível me prender. Então pegue o cartão que está no meu bolso. Esse é cartão de entrada para o meu apartamento, enquanto eu não volto, vocês podem passar tudo que há no meu computador a vocês. Mas não deixem os malditos corruptos triscarem em nada. Passem todos os arquivos para um HD externo. A pasta é a 121321nasjd. E a senha do computador é a DANDJ4928.
Johan anota os códigos no celular tem seus olhos e atenção voltados completamente a Alyne. Os sons confusos, movimentos frenéticos das pessoas, luzes das sirenes. O grupo de choque desce até a portaria. Exatos 13 homens espalhados. Alyne e Johan ficam calados por um momento após a explicação de Alyne. Até que de supetão André exclama:
13 Homens !
O que ? Diz Johan assustado. 12 homens fardados subiram mas 13 voltaram.
Tem certeza¿ Indaga Alyne.
- Tenho.
- É uma pista de que a policia estadual está envolvida. Mas agora não podemos fazer nada. Diz Alyne.
André pega seu celular e rapidamente tira foto dos 13 policiais. – Vou segui-los.
- Certo, cuidado. Vou subir e analisar a cena. Informa Johan.
Johan analisa meticulosamente a sala antes da chegada da pericia, está convicto de que este caso não foi suicídio. Essa cena é diferente, diferente de todas as outras. As outras seriam suicídio muito provavelmente, mas não essa, a posição dos objetos, os passos.
Passos leves ao corredor escuro Johan vira-se, mas nada vê, saca sua arma. Surge a silhueta sombria de uma pessoa.