4 12 de
abril. Madrugada. Johan.
Uma caneca
de chocolate quente mancha papéis com seu fundo molhado. Ó doce sabor da
insônia. Johan fixa algumas noticia de jornal e copias de arquivos policiais em
seu mural. Faz pesquisas no computador, não tentando realmente solucionar algo,
apenas procura fugir do ócio.
A garota
que se jogou do prédio a poucas horas atrás, sua mãe havia sido brutalmente
assassinada há uma semana atrás. De acordo com evidencias, combinações de
horários local e material genético encontrado na cena do crime, as
investigações corriam de modo a filha que posteriormente se suicidara seria a
principal suspeita.
Johan
auxiliara as investigações do homicídio, uma agulha, uma machadinha e uma
tesoura. Combinação peculiar. Recordava-se perfeitamente da cena, as vísceras
trançadas no ventilador de teto as paredes recobertas de sangue. Um corpo
recostado ao canto do quarto uma agulha acoplada a uma seringa na palma de uma
das mãos. A barriga dilacerada, uma linha de intestino delgado corria de seu
ventre ao ventilador, trançando-se em suas hélices e tocando levemente a cama
em sua ponta. Uma poça de sangue marcava o centro da cama de modo a atravessar
o tecido e o colchão, a gotejar no chão em baixo da mesma. O maxilar estava
quebrado. Cinco dentes encontravam-se ao chão, ao lado do corpo. Em sua perna
havia pequenos pontos de perfuração, provenientes de uma agulha. O olho
encontrava-se fora do rosto com uma agulha e uma seringa em sua ponta. Moscas
voavam em todo o quarto larvas e pequenos ovos de moscas se encontravam na obta
vazia do olho e em suas vísceras. Os dedos dos pés estavam mutilados. Policiais
experientes se ausentaram, sentiram ânsia de vomito e um caso particular
desistiu da profissão, ninguém em vida deveria sentir tal cheiro.
O corpo
havia sido encontrado em uma cabana pertencente a vitima. Margareth Simons. Ela
e da filha Julie Simons utilizavam tais cabanas em reuniões de empresa. Uma
grande firma de seguros de vida Vie Sécurité. Margareth era gerente e Julie
coordenadora.
O telefone
toca.
- Johan
Baumann.
- Olá
Johan, consegui novas informações sobre o caso Simons.
-Certo,
prossiga.
-Foi
encontrado um bilhete bem intrigante no apartamento de Simone. Vou lê-lo a
você: Cada gota, quebra-se como sólida em pequenos fragmentos, que
vagarosamente penetram em meu peito, de modo a emergir, sinto que eles querem
sair, a vida quer ser livre. A vida se afasta, em partículas tão distantes, que
se torna transparente. Invisível ao meu olhar cético. A sala branca.
-Realmente,
bem intrigante.
-Bem Johan,
qualquer novidade ligo central a você, havia também um desenho no bilhete o
qual vou mandar agora pra você.
-Obrigado
Charlotte.
Johan fita
a imagem de uma porta branca com um corvo albino em seu computador, confuso,
acende seu cachimbo com um forte e nobre tabaco nativo-americano e põe-se a
pensar no significado do texto, e da imagem, a sala branca outra vez... Anéis
de fumaça esbranquiçados saem de sua boca ressecada. O ambiente encontra-se
mais pesado a cada tragada. Vagarosamente as nuvens se misturam com os papeis e
as pequenas letras se desalinham, duplicam, dançando um soneto. Levanta, apaga
o fumo e deita em sua cama. Negro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário