terça-feira, 18 de setembro de 2012

4 12 de abril. Madrugada. Johan.


4 12 de abril. Madrugada. Johan.
Uma caneca de chocolate quente mancha papéis com seu fundo molhado. Ó doce sabor da insônia. Johan fixa algumas noticia de jornal e copias de arquivos policiais em seu mural. Faz pesquisas no computador, não tentando realmente solucionar algo, apenas procura fugir do ócio.
A garota que se jogou do prédio a poucas horas atrás, sua mãe havia sido brutalmente assassinada há uma semana atrás. De acordo com evidencias, combinações de horários local e material genético encontrado na cena do crime, as investigações corriam de modo a filha que posteriormente se suicidara seria a principal suspeita.
Johan auxiliara as investigações do homicídio, uma agulha, uma machadinha e uma tesoura. Combinação peculiar. Recordava-se perfeitamente da cena, as vísceras trançadas no ventilador de teto as paredes recobertas de sangue. Um corpo recostado ao canto do quarto uma agulha acoplada a uma seringa na palma de uma das mãos. A barriga dilacerada, uma linha de intestino delgado corria de seu ventre ao ventilador, trançando-se em suas hélices e tocando levemente a cama em sua ponta. Uma poça de sangue marcava o centro da cama de modo a atravessar o tecido e o colchão, a gotejar no chão em baixo da mesma. O maxilar estava quebrado. Cinco dentes encontravam-se ao chão, ao lado do corpo. Em sua perna havia pequenos pontos de perfuração, provenientes de uma agulha. O olho encontrava-se fora do rosto com uma agulha e uma seringa em sua ponta. Moscas voavam em todo o quarto larvas e pequenos ovos de moscas se encontravam na obta vazia do olho e em suas vísceras. Os dedos dos pés estavam mutilados. Policiais experientes se ausentaram, sentiram ânsia de vomito e um caso particular desistiu da profissão, ninguém em vida deveria sentir tal cheiro.
O corpo havia sido encontrado em uma cabana pertencente a vitima. Margareth Simons. Ela e da filha Julie Simons utilizavam tais cabanas em reuniões de empresa. Uma grande firma de seguros de vida Vie Sécurité. Margareth era gerente e Julie coordenadora.
O telefone toca.
- Johan Baumann.
- Olá Johan, consegui novas informações sobre o caso Simons.
-Certo, prossiga.
-Foi encontrado um bilhete bem intrigante no apartamento de Simone. Vou lê-lo a você: Cada gota, quebra-se como sólida em pequenos fragmentos, que vagarosamente penetram em meu peito, de modo a emergir, sinto que eles querem sair, a vida quer ser livre. A vida se afasta, em partículas tão distantes, que se torna transparente. Invisível ao meu olhar cético. A sala branca.
-Realmente, bem intrigante.
-Bem Johan, qualquer novidade ligo central a você, havia também um desenho no bilhete o qual vou mandar agora pra você.
-Obrigado Charlotte.
Johan fita a imagem de uma porta branca com um corvo albino em seu computador, confuso, acende seu cachimbo com um forte e nobre tabaco nativo-americano e põe-se a pensar no significado do texto, e da imagem, a sala branca outra vez... Anéis de fumaça esbranquiçados saem de sua boca ressecada. O ambiente encontra-se mais pesado a cada tragada. Vagarosamente as nuvens se misturam com os papeis e as pequenas letras se desalinham, duplicam, dançando um soneto. Levanta, apaga o fumo e deita em sua cama. Negro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário