2.
12 de abril. Noite. Johan.
-
Suicídio certamente.
- É, aparentemente.
- Mais um.
- Mais
dois, recebi um chamado há 10 minutos. Um adolescente em uma banheira drogou-se
com vários comprimidos de ritalina, ficou inconsciente e consequentemente
afogou-se.
-Criativo.
– André ri.
Os bueiros
exalam um vapor fétido, as arvores secas, o frio incessável, a rua pouco
movimentada, os prédios empregam a arquitetura neoclássica. O ar é pesado e
melancólico.
André
acende um cigarro e oferece a Johan, ele recusa. Os olhos cansados de Johan
fitam os estreitos becos do moribundo bairro. Ele tem cabelos grisalhos
despenteados, profundas marcas escreveram a idade em seu rosto, olhos verdes
acinzentados vazios e uma constante expressão de seriedade depressiva. Tinha um
peso médio.
André
afasta-se ultrapassando a faixa amarela, pega um bloco de papeis para rabiscar
algo sobre o ocorrido com um olhar desinteressado. Anota dados básicos, datas,
horários, posição do corpo Está entediado e pouco atento, a pericia cuidará do
resto, pensa. Seu distintivo reflete a luz do poste ao olhar das janelas.
Olhos
curiosos recobertos de cortinas observam a rua, o corpo envolto de uma lona preta,
os fotógrafos, as pequenas placas enumeradas, como se tal situação se
apresentasse incomum, novo. Não, era apenas a rotina, a incomum rotina.
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