terça-feira, 18 de setembro de 2012

2 12 de abril. Noite. Johan


2. 12 de abril. Noite. Johan.
- Suicídio certamente.
- É, aparentemente.
- Mais um.
- Mais dois, recebi um chamado há 10 minutos. Um adolescente em uma banheira drogou-se com vários comprimidos de ritalina, ficou inconsciente e consequentemente afogou-se.
-Criativo. – André ri.
Os bueiros exalam um vapor fétido, as arvores secas, o frio incessável, a rua pouco movimentada, os prédios empregam a arquitetura neoclássica. O ar é pesado e melancólico.
André acende um cigarro e oferece a Johan, ele recusa. Os olhos cansados de Johan fitam os estreitos becos do moribundo bairro. Ele tem cabelos grisalhos despenteados, profundas marcas escreveram a idade em seu rosto, olhos verdes acinzentados vazios e uma constante expressão de seriedade depressiva. Tinha um peso médio.
André afasta-se ultrapassando a faixa amarela, pega um bloco de papeis para rabiscar algo sobre o ocorrido com um olhar desinteressado. Anota dados básicos, datas, horários, posição do corpo Está entediado e pouco atento, a pericia cuidará do resto, pensa. Seu distintivo reflete a luz do poste ao olhar das janelas.
Olhos curiosos recobertos de cortinas observam a rua, o corpo envolto de uma lona preta, os fotógrafos, as pequenas placas enumeradas, como se tal situação se apresentasse incomum, novo. Não, era apenas a rotina, a incomum rotina.

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